Bewitched é uma série de televisão americana transmitida de 1964 a 1972 pela rede de televisão norte-americana ABC. Sucesso internacional em dezenas de países onde foi exibida, foi criada por Sol Saks e estrelada por Elizabeth Montgomery, Agnes Moorehead, Dick York (1964–1969) e Dick Sargent (1969-1972).
O enredo da série é sobre uma feiticeira que se casa com um homem mortal comum e promete levar a vida de uma típica dona de casa suburbana americana. Com grande popularidade nos Estados Unidos, a série se tornou a segunda atração mais vista no país em seu ano de estreia e a mais longa série televisiva com temática sobrenatural durante os anos 60 e 70. Ao longo de suas oito temporadas, a série foi indicada aos prêmios mais respeitados da TV. Entre eles 4 Globos de Ouro e 22 Prêmios Emmy. Sendo que o momento mais memorável foi quando a atriz Marion Lorne ganhou o prêmio de melhor atriz coadjuvante em comédia pela performance de Tia Clara. Lorne faleceu 10 dias antes da cerimônia e Elizabeth Montgomery recebeu o prêmio em nome da atriz.
“Samantha” e “James” seriam um típico casal americano se não houvesse um detalhe inusitado: Samantha tem o poder de fazer mágica com uma simples torcidinha do nariz. E o marido James, um publicitário atrapalhado, também tem características incomuns, apesar de não ter nenhum poder excepcional. Quando descobre os dons da jovem esposa prefere ignorá-los, sem jamais contar com eles na solução dos seus problemas. Ele segue trabalhando duro, levando bronca do chefe, sem pedir ajuda a sua bruxinha particular. Já Samantha, fiel a sua origem, está sempre tentada a usar todos os seus poderes, para facilitar a vida do casal.
Mas o amor fala mais alto e para não desagradar ao marido a feiticeira vive driblando sua natureza de bruxa. O resultado desse conflito permanente é uma sucessão de situações complicadas, surpreendentes e muito divertidas.
James se irrita com as magias da mulher e principalmente com as interferências de “Endora”, que além de sogra é uma terrível bruxa, sempre importunando a vida do casal. Eles tem dois filhos, a esperta bruxinha “Tabatha”, que segue os passos da mãe na magia e “Adam”, o filho mortal. A vida do casal é compartilhada com outros personagens encantadores, como a “Tia Clara”, a esquecida babá das crianças, “Esmeralda”, “Gladys Kravitz”, a vizinha bisbilhoteira e “Abner”, seu marido distraído, “Serena”, a prima biruta de Samantha, “Larry Tate”, o chefe de poucos escrúpulos de James e “Arthur”; o tio palhaço de Samantha.
A primeira grande alteração no elenco ocorreu com a morte de Alice Pearce, que interpretava Gladys Kravitz. A atriz faleceu vítima de câncer, em 3 de março de 1966. Ao longo da segunda temporada a atriz estava visivelmente debilitada. Sua última participação foi no episódio de número 62, “Baby’s First Paragraph” (Precocidade Encantadora). Foi substituída por Sandra Gould a partir da terceira temporada. Também ao final da segunda temporada a atriz Irene Vernon, que interpretava Louise Tate, deixou o elenco em razão do descontentamento com seu papel e foi substituída pela atriz Kasey Rogers.
A morte da atriz Marion Lorne, em 9 de maio de 1968, também mudou os rumos da série. Sua última participação foi na quarta temporada, no episódio de número 130 (Episódio 23 da quarta temporada), “Samantha’s Secret Saucer” (Gente do Outro Mundo). Em seu lugar entrou Alice Ghostley, mas no papel da empregada Esmeralda, outra personagem, já que Tia Clara foi uma personagem marcante para o público e os produtores optaram por não continuar com a personagem sob interpretação de outra atriz.
A mudança mais emblemática no elenco ocorreu ao final da quinta temporada com o afastamento do ator Dick York, que contraiu sequelas e fortes dores após um acidente de carro em 1959. O uso dos medicamentos fez Dick York faltar constantemente às gravações da série, e quando o caso tornou-se mais sério foi necessário pensar num substituto. A partir da sexta temporada, em 1969, o personagem James Stephens passou a ser interpretado por Dick Sargent, causando estranhamento do público e o declínio gradativo de audiência da série até sua oitava e última temporada.
Em fevereiro de 1964, a feminista Betty Friedan escreveu “Televisão e Mística Feminina” para o “TV Guide”, em que ela criticou a forma como as mulheres eram retratadas na televisão. Ela resumiu sua representação como domésticas estúpidas, pouco atraentes e inseguras. O tempo delas estava dividido entre sonhar com amor e tramar vingança contra seus maridos. Samantha não foi retratada dessa maneira e Endora usou palavras parecidas com Friedan para criticar o entediante trabalho doméstico. Outros analisaram o modo como a série “joga” e subverte uma rica carga de estereótipos e alusões culturais sobre bruxos, papéis de gênero, propaganda e consumismo.
No episódio da primeira temporada, “Eat at Mario’s” (Feiticeira Bem Temperada), exibido em 27 de maio de 1965, Samantha e Endora cooperam no uso de sua feitiçaria para defender e promover um restaurante italiano de qualidade. Eles se deliciam com um papel ativo e agressivo no espaço público, abrindo novos caminhos na representação de mulheres na televisão.
A série usava de humor e comédia para questionar o papel da mulher na sociedade na década de 1960, em momento que o feminismo ganhava força nos Estados Unidos. A Feiticeira também tecia críticas sociais pertinentes, em um momento de grandes transformações sociais.